Dia da Consciência Indígena na Tekoa Pindoty
- Paola Mallmann
- 24 de jan. de 2020
- 3 min de leitura
Relato primeira ida à Aldeia Pindoty (21/01/2020)
Manhã de um dia nublado, com pouco sol, chego em Riozinho, almoço com o motorista e subimos cerca de 15 min do centro até à aldeia, indo pela Estrada 239 e no km 50. A entrada da aldeia é discreta, de chão batido, permeada de montanhas ao redor vemos algumas casas antigas indicando que é ali a comunidade. A primeira pessoa da aldeia que vi foi o xeramoi com sua esposa, logo os cães vieram latindo e sossegaram, um jovem de cerca de 16 anos, que depois fui saber que se chamava Maurício foi se aproximando, algumas crianças também passaram correndo e brincando. Cumprimentei à todos com uma saudação guarani e logo o rapaz disse que ia me levar até seu pai, atravessamos uma pequeníssima horta, avistei no caminho duas casas tradicionais de barro, as demais eram de material de construção em um estilo recorrente em algumas aldeias indígenas do interior.
Felipe estava de pé na soleira da varanda e me saudou com um bom dia, logo me chamando para sentar à mesa com ele. Entreguei a erva mate, o pitã, e o DVD do meu curta, explicando do que se tratava, ele agradeceu e disse que iria ver, Logo em seguida perguntou o que me levava ali. (gosto muito desse jeito guarani de encaminhar os assuntos).
Comentei que estava trabalhando no projeto de um novo filme que seria rodado em aldeias guarani, com atores indígenas e a história era uma ficção baseada na pesquisa dos diretores sobre elementos da cultura do guarani. Disse que havia conhecido o diretor em uma aldeia guarani, que ele viria de São Paulo, onde morava, para Porto Alegre em fevereiro. Inclusive que iria participar de uma atividade na aldeia Camaquã, e, a ideia seria propor uma agenda de visitas em outras aldeias para conversar sobre o projeto.
O cacique Felipe me ouviu e em seguida explicou um pouco sobre o que ele entendia ser necessário para topar participar e colaborar com um projeto como esse, refletindo sobre o papel da comunidade e suas reais necessidades de sustento perante as condições precárias de uma aldeia de apenas 24 hectares, onde não há tanto espaço para plantio, sobre os projetos que já participaram e ou estão como parceiros, buscando destacar o resultado do projeto para a aldeia, pois o filme em si, não é um produto que será o resultado principal para eles, mas o que o projeto efetivamente vai trazer para a comunidade, quais serão os benefícios. Começamos a refletir juntos sobre essas experiências e a melhor forma de fazê-las, comentei que havia a proposta das oficinas. Poderia ser interessante oferecer oficinas de capacitação e elaboração de projetos culturais, algo que realmente instrumentalizasse para que possam fazer os seus próprios projetos. O cacique comentou que há a presença de um xeramoi na aldeia, porém ali ainda não tem casa de reza e a escola funciona em uma casa, pois o espaço da escola em si não foi construído.
Enfatizou bastante a necessidade de que se trouxesse cestas básicas caso o projeto se realize em comunidades indígenas, comentando que na aldeia do campo molhado, onde a paisagem é exuburante e as casas são bem tradicionais, não há infra estrutura nenhuma e que falta alimento. Inclusive havia um novo morador que veio de lá.
O cacique aceitou que fizesse fotos e em seguida comentou que poderia colaborar no que precisasse para a tradução de algum texto ou do filme. Peguei o e-mail dele e ficamos de retomar o contato para agendar a visita de fevereiro. O cacique disse também que achava que conhecia o Papá.

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