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Diário de Bordo - Covid 9 (continuação)

  • Foto do escritor: Paola Mallmann
    Paola Mallmann
  • 19 de mar. de 2020
  • 3 min de leitura

O primeiro dia que no RS foi publicado o decreto, foi em uma sexta feira, quando estava com o Beto no show do Nei Lisboa no espaço 373 em Porto Alegre/RS. Não sei quando irei novamente em um evento lindo como aquele, mas que o próprio músico comentou sobre a dificuldade de se realizar encontros coletivos nesse contexto de pandemia mundial. Ali, no palco Nei Lisboa fez piadas sobre os novos hábitos de cumprimento, com os cotovelos, ao invés dos beijinhos típicos que a maioria dos brasileiros trocam quando se encontram com algum conhecido.

Assim foi na reunião da manhã seguinte com meus colegas da rede ponto de cultura rs, onde todos comentaram os acontecimentos e partilharam da mesma brincadeira, à tarde no ponto de cultura de ferrinho, o mesmo se sucedeu, as pessoas evitando de se cumprimentarem e a difivuldade de organizar um calendário para realizar as atividades. Não sabiamos se devemos ou não manter um evento público, um seminário em abril, por exemplo. Fora isso, a questão financeira, a pessoa que resolveu comprar meu carro, ficou presa em Lima, no Peru, e não sabe ainda como resolver a própria situação, para podermos avançar nessa negociação. Ao que tudo indica,a mentalidade faz com que as pessoas facilmente caiam no sentimento de caos social, por conta das recomendações de isolamento, de convívio próximo. Por enquanto, estou gostando de poder ter tempo para me organizar na vida perante tantas mudanças globais.Tivemos que entrar em contato com a SEDAC-RS Secretária do Estado da Cultura do Rio Grande do Sul) na segunda-feira para saber maiores orientações e isso causou uma certa inquietação na Rede, que sempre quer respostas ágeis e prontas, mas que também precisou entendeu que a urgência causada pelo virus também foi surpresa e não havia ainda um protocolo elaborado.


***


Hoje, quarta-feira, meu dia foi diferente do comum, pois sem ter a necessidade de acordar com hora marcada e nem compromissos externos, levantei pelo som natural do dia. Levantei devagar da cama, ouvi o som dos pássaros na rua e estava felizmente com o celular desligado, não consultei as redes de mensagens onde já recebi milhares de notíficações de recomendações para evitar o contágio pelo vírus. Minha cachorra também levantou devagar e após um bom dia e espreguiçar foi para a rua. Eu fui fazer o café e escrever, tenho aproveitado esse tempo da forma mais criativa possível fazendo uma maior organização ods meus arquivos, deixando fluir a escrita e me organizando. Limpei a cozinha, fui no mercado com a cachorra, na vila, ninguém de máscara, parece que a mascara ainda está sendo usada apenas pela burguesia nos supermecados e grandes atacados. Depois de ligar o celular, vi que oficilamente for suspensas todas as atividades da cultura do estado. Ontem mesmo eu havia enviado um email por parte da comissão dos pontos de cultura para a sedac solicitando orientações e o bom é que eles oficializaram isso. Olho na janela por um tempo. Nas ruas do Partenon, tudo normal, for a a chuva que definitivamente espantou a movimentação. fiz almoço para mim mesma, orei, meditei e fiz yoga. Escrevi mais um pouco, cachimbei, veio o seu Romalino arrumar o portão m e depois quando o Beto chegou, e foi colher goiabas no pátio do vizinho, resolvi fazer uma fogueira que aqueceu a alma. Não vou me render ao pessimiso, sim, à sobriedade do momento, mas sem perder a ternura jamais.

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